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quinta-feira, 29 de julho de 2010

Segredo

Nossos segredos morrem nas palavras
que os olhos mais que os lábios articulam,
e nossos gestos dúbios colhem pássaros
num silêncio de enigma e subterfúgio.

Não compreendemos a canção dos lírios
nem a mensagem lírica das rosas,
e desprezamos este longo exílio
do mais fundo da noite até a aurora.

E vivemos assim, incompreendidos,
apenas esperando que algum dia
em nós o mundo se reivente, para,

insensíveis aos ventos das veredas,
continuarmos lúcidos ou cegos
a decifrar o mito das estrelas.

(Gilberto Mendonça Teles)

terça-feira, 27 de julho de 2010

A Menina Que Roubava Livros: Frases

Trecho do livro:

"Através da neblina e dos cristais de gelo na janela,puderam ver as faixas róseas de luz sobre as camadas de neve nos telhados da Rua Himmel...

-Veja as cores!-disse o pai.É dificil não gostar de um homem que não apenas nota as cores,mas fala delas."

domingo, 18 de julho de 2010

Prefácio

É mais facil dizer quando as palavras são mudas,
suas mãos dementes escorrem pelo peito, meias verdades numa placa de concreto esquecem delas mesmas num ritual belíssimo.

Por White Vulture

sexta-feira, 16 de julho de 2010

Prólogo

Nasceu ás pressas, sem manta de coberta, sem demais palestras
Nasceu fecundo, produto da paz e dor
Assim se fez, se criou, se lançou
O poeta do amor.

Em: Dislexia Espiritual

sexta-feira, 9 de julho de 2010

Fever Jewels - Um Começo

Hey, Hey, sou Blu-Hachiko e essa é uma primeira tentativa de expor algo que gosto de fazer (na verdade não é a primeira, mas a anterior que não foi muito... er... sadia para qualquer auto-estima, vamos esquecê-la! Mwahahahahah).
"Fever Jewels" é uma história que eu já queria contar há um tempo, então ela saiu da minha cabeça e dee-dee-roo... aqui está! (Vivas aos meus efeitos sonoros! o/) Espero mesmo, mesmo (MESMO!), que gostem! ^^
Ah, gostaria de agradecer a todos pelo espaço no blog e mais ainda a quem perder seu precioso tempo para ler minhas linhas.
Última coisa, para quem quiser saber, será uma história de mistério e sobrenatural(Ohhhhhhhhhh) com coisinhas aqui e ali, uns ataques dos personagens e blá blá, vou tentar deixar a história bem divertida, YAY! Partes novas todas as sextas e tentarei terminar um capítulo à cada quinze dias! Não vou mais encher o saco com minhas palavras bobas e vamos direto para a história! (Ps: Desculpem-me pelo péssimo prólogo, mas era apenas uma apresentação dos personagens! XD)



- Fever Jewels -

Prólogo

Three Little Angels

“Three little angels all dressed in white,
Tryed to get to heaven on the end of a kite
But the kite it was broken down they all fell
Instead of going to heaven they all went to...”


As flores se abriram timidamente naquela primavera. Eram castos botões que respiravam majestosos, engolfando a leveza da vida, libertando-se em vibrante felicidade. Rosas desafortunadamente belas, serem podadas para exibirem sua glória em parcos momentos esperando pela morte.
Claire continuou sentada, enquanto Meredith entrava com as rosas recém podadas do jardim nos fundos da residência e as colocou cuidadosamente sobre a mesinha entre duas estantes de livros. O avental alvíssimo balançava com seus passos apressados, uma das suas muitas demonstrações de euforia, mesmo que a menina não soubesse por que dessa repentina mudança de humor. Claire lia preguiçosamente um caderninho de anotações, com rabiscos ilustrativos, imagens de bonecas marionetes, medidas e estilos de roupas variados, um hobbie que a distraia em dias monótonos. Eram pouco malvistas suas habilidades com carpintaria, e talvez fosse uma lástima para a família ver em sua pele macia marcas do esforço no trabalho em madeira, mas, para ela, era algo de se ignorar, jogar tecidos deslumbrantes às traças à perder alguma de suas majestosas marionetes.
O novo projeto rabiscado nas páginas amareladas consistia em três figuras levemente perturbadoras, mistas de anjo e demônio, com pequenos chifres na cabeça roliça de bochechas rechonchudas, uma auréola que pendia, presa a um dos chifrinhos, asas de penas coladas na madeira entalhada, apenas uma, a outra um toco, onde o rabo pontudo se enrolava. “Três anjinhos de branco”. Estavam bons, muito bons, ela pensava, muito bons mesmo. Levantou-se rapidamente e correu até uma das estantes, pondo a ponta do indicador levemente sobre os lábios rosados e apoiando um braço sobre o outro, passou devagar a estante com os olhos. Coçou o canto da boca. Não estava lá.
_ Estranho – ela sussurrou, atirando para o lado o odiado vestido azul que atrapalhava seu trabalho na oficina – onde está o livro com a costura das perucas?
Oh, Leif, você está mexendo em minhas coisas de novo, ela pensou, tio Oscar será informado disso. E, provavelmente, acharia bom, interrompê-la de seu trabalho e observar enquanto ela era empurrada a uma aula de música ou ver aqueles irritantes professores de línguas consertarem sua pronuncia. Minha pronúncia impecável, vejam só. Leif estava tentando irritá-la de novo. E conseguira.

Meredith caminhava com lençóis limpos em direção ao quarto de Leif, quando uma Claire enfurecida passou por ela. A menina parou em frente ao quarto e fechou os olhos. Suas mãos se levantaram vagarosamente e ficaram suspensas no ar. Não houve momento para repreensão, a menina apenas levantou o pé e lançou-o com toda a força contra a porta fechada.

Leif lia sonolento. As palavras já não eram absorvidas por sua mente, eram palavras atiradas à fogueira, bloqueadas por olhos pesados que abriam e fechavam, abriam e fechavam, abr...
_ LEIF, SEU DESGRAÇADO! – a porta fora atirada à parede e, com o estrondo que assustou pássaros que estavam próximos, Leif atirou-se sobre travesseiros empilhados e puxou os lençóis abarrotados. A menina de mente fumegante estava parada à porta, os braços estendidos e as mãos abertas, os cabelos negros brilhantes e extremamente compridos, caíam sobre o busto e as costas, abertos como um manto de castidade.

O sol daquele dia se foi devagar, trazendo uma noite preguiçosa. Noite preguiçosa para um dia preguiçoso. E os três anjos cairiam no inferno.



Capítulo 1: Skin And Bones - Parte 1

“There was an old woman all skin and bones, O-o-o-o!
She lived down by the old graveyard, O-o-o-o!
One night she thought she'd take a walk, O-o-o-o!
She walked down by the old graveyard, O-o-o-o!
She saw the bones a-layinâ around, O-o-o-o! ”

_ Sabe qual o segredo dos mortos? – disse a primeira vozinha infantil, vinda de uma das crianças sentadas no banco.
_ Sabe qual o segredo dos mortos? – disse a segunda vozinha, pondo a mão em frente à boca, mãozinha enrolada em trapos imundos, tingidos com sangue seco. Arregalava olhos para os passantes.
As ruas imundas da capital em 1831 acolhiam todo o tipo de seres humanos, desde os aristocratas, que caminhavam por ali por não terem opção, às pobres e desesperadas pedintes de mão estendidas e pele devastada por chagas. As crianças trepadas em bancos na feira central tagarelavam abobalhadamente com a menina cantora, Diamante, dizia ser seu nome, que saltitava e rodopiava, balançando um instrumento redondo, enquanto alguns passantes atiravam-lhe moedas. Ela contava histórias. Mortos que saiam das tumbas, noivas desesperadas perdidas em penhascos, moedas que não iam para o túmulo com seus donos. E ela jamais revelava o segredo dos mortos, nem na própria canção, os mortos levavam seus segredos para o túmulo e lá eles deveriam ficar, ela dizia. “Sabe qual o segredo dos mortos?”.
__ Obrigada – ela dizia, em coro com as outras crianças, as moedas tilintavam ao tocar as pedras e as demasiadamente distantes eram recolhidas pelas crianças dos feirantes e colocadas próximas a Diamante – obrigada, obrigada.
A feira tomava todo o centro da capital e já não havia muito espaço para caminhar. As barracas estavam cheias, algumas com utensílios, panelas, tigelas de barro, moringas; outras com alimentos, estando eles consumíveis ou não. Alguns com descaradas bananas murchas, mas extremamente populares, outros com pães passados misturados a pães frescos. Cestas entravam vazias e saíam cheias, mesmo que seu dono tenha pago ou não pelo conteúdo, não importava. As crianças corriam, as libertas de casas de trabalho roubavam o que podiam, fugiam quando pegas... Ou não. E Diamante apenas fechava os olhos e continuava a dançar, para se poupar de vergonhas posteriores.
__ Meus pés doem – ela sussurrou, atirando-se no chão e cruzando as pernas de forma graciosa – devo eu contar-lhes outra história? Talvez a da bruxa que conheci em uma de minhas viagens, ou será melhor a do fantasma do Campanário de Windstrow?
__ Oh, conte--os sobre a bruxa, Diamante – implorou a menininha de tranças e cabelos escuros sentada ao lado da dançarina.
__ Talvez eu conte, mas agora estou com fome – ela estendia uma moeda para o menino mais próximo, uma mecha de seus cabelos compridos e extremamente negros enrolada no braço, ela o balançava e a pulseira de pedrinhas brilhantes fazia barulhinhos – traz-me frutas e uma garrafinha de leite? Espero por você, não começarei até teu retorno.
Um sorriso esburacado surgiu na face do menino e ele correu até uma das barracas com seus frágeis ossos balançando. Diamante enrolava anéis de cabelo em seus curtos e delicados dedinhos, enquanto as outras crianças cochichavam sobre histórias anteriores e discutiam sobre a que ainda estava por vir.
__ Sabem qual o segredo dos mortos? – perguntou Diamante, vendo os olhares curiosos virando para ela devagar, as pequenas criaturas refletidas em seus olhos castanhos viravam rabiscos, caricatura do que eram segundos antes.
__ Diamante! – gritou-lhe um dos rabiscos e o foco retornou. Segurava uma cesta pequena com poucas frutas e um vidro de leite – trouxe o que você pediu.
__ Eu disse que esperaria, não foi? Então, será a bruxa?
__ Oh, sim, sim, Diamante, fale-nos sobre a bruxa.

A noite caíra sobre a cidade rapidamente e mantinham-se no centro apenas os que não tinham para onde ir. Diamante se levantou para um retorno cansativo, já tendo sido abandonada pelas crianças havia horas. Ela tentava ignorar as sombras na rua e esquecer os barulhos vindos dos becos, enquanto apertava mais e mais o passo. Na direção oposta, se arrastava uma mulher, de capa que cobria sua cabeça e cabelos cinzentos que caíam dela, estando encurvada. A mendiga balbuciava palavras sem sentido, arrastando as pernas, virando a cabeça para os lados em momentos e momentos.
__ Uma esmola, uma esmola para uma desesperada – balbuciava para todos os lados, mesmo havendo só a menina na rua com ela – oh, que os céus tenham piedade, que os homens tenham piedade, uma esmola para uma desesperada!
__ Aqui, senhora – disse a menina, soltando uma moedinha sobre as mãos sujas e asquerosas da mulher, cobertas de ferimentos e bolhas, isso apenas onde a luva sem dedos não escondia, tinha medo do que poderia haver no resto.
A mulher levou a mão à escuridão e o barulho da sua respiração sufocada tomou o ar. Ela levantou a cabeça e seu rosto horrendo olhava para Diamante – Obrigada minha menina! Que os deuses lhe paguem em dobro.
“Havia uma mulher que era apenas pele e osso-o-o-o”

Leif Harvey bebericava de uma xícara de chá. Não estava exatamente feliz por isso, aquilo era o que chamava de água suja, e preferia limonada para dias quentes, mas não se pode escolher entre prazer e classe quando o domínio de Oscar Turpin o sufocava. Na verdade não era apenas ele, mas Claire estava em um estado de irritação demasiado e a ponto de fumegar pelas orelhas enquanto olhava para a xícara posta sobre a mesa. Ela tentava ignorar o momento, que aquela coisa ficasse fria logo ou implorava algum duende do chá fizesse-lhe um favor que salvaria sua vida. Só mais um dia pensava Leif.
__ Leif, eu não vou beber isso.
Ignore.
__ Leif, está me ouvindo?
Ele virou a cabeça para ela. Viu o cabelo escuro, castanhos, a boca pequena e os olhos negros como a noite. Vestia bege, com um alegre chapéu de caminhada e um xale branco. Os olhos perspicazes em um rosto abobalhado. Uma pinta no canto da boca.
__ Querida irmã, você sabe que não me importo com seus caprichos – ele disse, pensando que ela falara o que ele pensara todos os instantes – Simplesmente não beba.
Ele viu os olhos da menina se estreitarem, apertados numa imagem embaçada de um menino de cabelos ondulados e escuros, de aparência suja, olhos de cor mel e rosto levemente macilento. Vestia impecáveis roupas para homens da mais alta sociedade, claro que não compactuava com isso e as via como uma extravagância desnecessária de seu tio, uma idiotice na interpretação de Claire. Ele apenas tentava não opinar demais, seria mais fácil e menos estressante. Ganharia mais assim.
__ Eu odeio o tio Oscar – ela bufou, cruzando os braços sobre a barriga – espero me casar logo, aquele homem me irrita.
__ Tudo irrita teus mimos, Claire, a mais ínfima coisa que esteja contra as suas vontades leva-a a loucura, de uma forma nada boa, obviamente – beberica do chá – mas, como já havia dito, não me importo com o que faz ou pensa, então poderia esquecer um momento teus caprichos e parar de me irritar?
Claire permaneceu uns instantes de boca aberta antes de sua expressão se contorcer em uma imagem que poderia ser tudo, menos humana. Ela levantou, batendo os pés e marchando em direção à porta. Sim, lhe era conveniente fazer mais uma cena e parecer uma pobre coitada injustiçada. Era por isso que gostava das bonecas, elas não eram tão frias e cruéis.
Não houve momento para o início de um festival de lágrimas falsas. Oscar Turpin surgiu pelo portal apressado, não havia tirado o chapéu ou o sobretudo, sua face levemente corada estava vermelha e o homem arfava. Era um senhor grande, de vigor e estatura, peso excedente em músculo e cabelos baixos e mal cortados, que surgiam grisalhos onde o chapéu não os escondia. Os óculos tortos foram ajeitados e ele pode olhar para a Claire de boca aberta, preparada para lágrimas falsas.
__ Não devias usar lágrimas falsas em tempos de lágrimas reais, Claire – ele disse – acabo de chegar e já devo me retirar, talvez não retorne até amanhã. Sua avó, Genevive, se foi esta madrugada e vou me encontrar com Truudy. O funeral será amanhã, digo, tentaremos realizá-lo amanhã...
__ Não vou dizer que estou lamento a morte – disse Leif, pondo a xícara sobre a mesinha e virando-se devagar para Oscar. Ele apoiava a cabeça em uma das mãos e mantinha a outra na cintura, apoiado de lado sobre o sofá, pernas cruzadas e estava mergulhado na mais profunda atmosfera de sarcasmo – desde o que sempre a achei uma velha odiosa, espero que o inferno a acomode bem.
__ Como tem coragem dizer isso sobre sua pobre Avó? Ela era uma pessoa boa, uma pessoa generosa!
__ O bastante para mandar a filha para um convento por causa de um casamento que ela considerava ruim, ela, apenas ela – ele acariciava o próprio pescoço, piscando vagarosamente – até hoje tenho pena por mamãe ter acabado daquela forma.
__ De que forma? – Claire estava de olhos arregalados e lacrimejantes, eles pareciam ter esquecido da presença da menina por instantes, instantes o bastante para as coisas desviarem demasiadamente.
__ Nada, querida – disse Oscar – Você virá?
Leif riu. – E perder o festival da “Terra fria e uma Bruxa Velha à sete palmos”? Não me daria esse luxo nem se minha vida dependesse disso – disse o menino, observando os olhos de Oscar queimarem enquanto mantinha o sorriso debochado na face, acompanhado de um olhar caído – Dee-dee-ree-doo!
O homem saiu, enquanto Claire se mantinha de cabeça baixa e Leif sorria, coçando o nariz.


E é isso, não posso colocar mais... (Oh God!) Obrigado, mais uma vez, aos que leram e, desde já, aos que lerão próxima semana! Até Sexta! o/