Tradutor/Translate

terça-feira, 23 de novembro de 2010


Ah, desgraça inerente à raça!
     o grito torturante da morte
         e o golpe que atinge a veia,
     o sangramento inestancável,a dor
a maldição insuportável.

Mas há uma cura dentro
       e não fora de casa,não
           vinda de outros mais deles próprios
       por sua disputa sangrenta. Apelamos a vós,
deuses da sombria terra.

Ouvi bem-aventurados poderes soterrâneos -
       atendei o nosso apelo,socorrei-nos
Favorecei os filhos,dai-lhes a vitória.

Ésquilo, As coéforas


"Retirado das primeiras páginas do livro Harry Potter e as Relíquias da Morte" 
A morte é apenas uma travessia do mundo,tal como os amigos que
atravessaram o mar e permanecem vivos uns nos outros. Porque sentem
necessidade de estar presentes, para amar e viver o que é onipresente.
Nesse espelho divino vêem-se face a face; e sua conversa é livre e pura.
Este é o consolo dos amigos e embora se diga que morrem, sua amizade
e convívio estão, no melhor sentido, sempre presentes, porque são imortais.


                                                         Willian Penn, More Fruits of Solitude 






"Retirado das primeiras páginas do livro Harry Potter e as Relíquias da Morte" 

Be Yourself, Know Yourself

Até quando eu vou ficar assim? Aí esta uma pergunta que eu não sei responder, uma de muitas... Por que diabos eu tenho que me esconder? Onde está escrito isso, que tem que ser assim, que não pode ser diferente... Boa merda de conjuntura social, boa merda de tudo hoje, dor de cabeça e inspiração, fome e falta de vontade de comer e claro, como sempre, minha típica apatia, eu poderia citar muitas e muitas coisas que fazem companhia à minha apatia de vez em sempre, a insegurança, o humor ambíguo e por aí a fora. Mas, detendo-me ao que eu acho que quero escrever hoje... Sinceramente espero que algum dia eu possa realmente seguir o conselho que eu mais vi ontem e hoje ‘seja você mesma’, não sem bem qual é a verdadeira Bianca, na verdade, malmente me identifico com a grafia do meu próprio nome, digamos que me acostumei com a sonoridade, e tomei aquilo como um alerta, como se toma frases como ‘socorro!’, ‘cuidado!’ e tantas outras coisinhas mínimas pra despertar um pouco de interesse e alerta.Ousaria colocar ‘Psiu!’ como uma das frases, mas eu mesma procuro abolir esse chamado, que, na maioria dos casos é de algum inútil tentando chamar minha atenção e, estupidamente, quebrar minha apatia. Pois então, além da falta de certo interesse por mim mesma, falta de auto-identificação nominal, tenho também uma dificuldade com espelhos, impressionante como cada espelho tem um tipo de vida própria, em cada um me sinto uma pessoa diferente, o que menos engana ou deprime é o do banheiro, ele me conhece tem uns anos, me vê escovando os dentes, me vê sempre, nunca deixo de visitá-lo quando posso quanto aos outros, bom, são apenas espelhos e não parecem compreender minha verdadeira essência (se é que é possível compreende-la).Um dos outros grandes embates com os espelhos é a capacidade que eles tem de iludir, mas essa não é uma falta restrita ao espelho e sim à imagem em si, como é fácil construir um sorriso falso e fazer todos acreditarem nele, como é fácil e seguro viver de aparências e negando a si próprio. É mais ou menos assim: ninguém sabe que você se sente mal, logo você não se sente mal e nada pode te afetar, aí então, os que tentariam te destruir mudam de idéia e os que tentariam e poderiam te ajudar não vêem sentido na ajuda, já que, tecnicamente, esta tudo bem.Ah, o “tudo bem”, com certeza, é a frase mais mentirosa de todos os tempos, e mentimos essa mentira (perdoe aqui a redundância) sempre, mais até, e muito mais, do que falamos ‘bom dia, boa noite/tarde’. Talvez pela necessidade que temos de fazer o que chamamos de nos proteger, ou até pelo hábito de mentir, fato é que é extremamente complicado pra mim, entender racionalmente quem diabos eu sou se sempre que estou mal digo que estou bem e sempre que estou bem, bom, aí parece que eu sou louca/anormal e que minha excitação com algo que me agradou/agrada faz mal, basicamente, se estou bem dizem que estou mal.Mais uma vez: “como diabos saberei quem sou eu se nem ao menos consegui escrever algo conclusivo?” e sinceramente, não tenho a mínima ideia da razão pela qual coloquei aspas na minha própria frase. Não sei, como não sei muitas coisas, não sei como é morrer (biologicamente apenas), não sei como é nascer (esqueci...), não sei como amar sem ferir, não sei como é ser homem (exceto pelo que meus amigos já me contaram de algumas sensações, mas, é claro, nunca vivenciei), não sei como é matar alguém (já tive desejo, muitas vezes, mas nenhuma coragem e prefiro não ter), não sei meus próprios gostos, não sei muitos assuntos de gramática que passaram batidos, enfim, sabiamente falando, Não sei nada, nem ao menos como terminar esse texto, mas tenho que fazê-lo, o farei dizendo pra você e pra mim mesma: “Just Be Yourself, Nothing Else.”.

Untitled


Sempre gostei mais de números, me dou bem com eles e eles comigo, são de natureza simples e ajudam bastante. Já as palavras, bem, as palavras tem um dom de ser várias coisas em uma só, e foram criadas pra explicitar as necessidades ou algo do gênero, basicamente, as palavras vem de dentro pra fora e os números de fora pra dentro, os números já estão ali prontos na natureza, por exemplo, se há dois gatos, há dois gatos, nem um nem três, mas dois. No meu próprio exemplo dos gatos eu posso encontrar um dos maiores problemas gerado pela palavra, a interpretação, por que, convenhamos, o que é um gato para mim pode não ser um gato para você, aí reside a maior das dificuldades humanas, ou uma das, fazer-se entender pelo outro - que quer você queria, quer não, é OUTRO, é EXTERNO.é justa e unicamente esse choque do interno com o externo, do que você quer dizer com o que entendem, do seu eu com o outro que causa problemas desavenças e tantas outras coisas, este texto por exemplo, perdeu completamente o rumo, é sempre assim dentro de mim tudo perde o rumo, as palavras e os meus sentimentos tem uma grande dificuldade de se ajustarem uns aos outros, nem sempre o que eu te digo é exatamente como eu me sinto, na maioria das vezes não é. Enquanto, nos cálculos matemáticos e até mesmo no raciocínio lógico, por mais diferente que seja o meu caminho e o seu, por mais diferentes que sejamos uns dos outros, o resultado é o mesmo, o ponto final é que une e não o de partida tem certo quê de romance, não nos perderemos uns dos outros chegaremos no mesmo lugar, por isso, e só por isso eu ainda prefiro os números.

O Ser Humano - Kurt Tucholsky

"O ser humano tem duas pernas e duas
convicções: uma para quando está bem e outra para quando está mal. Esta última
se chama religião.O ser humano é um vertebrado e tem uma alma imortal, tanto
quanto uma pátria, para não ficar muito atrevido. O ser humano é produzido por
via natural, porém que ele achaque não é natural e evita falar sobre isso. Ele é
feito, mas não consultado se queria ser feito.O ser humano é um ser vivo útil,
pois a morte no campo de batalha serve para elevar às alturas as ações de
petrolíferas, a morte nas minas serve para aumentar o lucro do dono da mina e,
além disso, ele ainda faz cultura, arte e ciência.O ser humano tem, além do
instinto de reprodução e os de comer e beber, duas paixões: fazer barulho e não
escutar. Quase daria para definir o ser humano como um ser que nunca escuta. Se
é sábio, faz ele muito bem: sensatez é muito raro de se ouvir. Os seres humanos
gostam de ouvir promessas, bajulações, elogios e cumprimentos. No caso de
bajulações, recomenda-se proceder sempre três vezes mais descaradamente do que
se julga ser o limite do possível.O ser humano inveja a sua espécie. Por isso,
inventou as leis. Se ele não pode, então ninguém pode.Para confiar num ser
humano, é melhor sentar em cima dele; pelo menos assim a gente pode ter certeza
de que não escapa. Alguns também confiam no caráter.(...)O ser humano é um ente
devorador de plantas e animais; em expedições polares devora de vez em quando
exemplares de sua própria espécie; porém isso é contrabalançado pelo fascismo.O
ser humano é uma criatura política, que prefere passar a vida em amontoados.
Cada amontoado odeia os outros amontoados, porque são os outros. E odeia o
próprio, porque é o próprio.(...)Todo ser humano tem um fígado, um baço, pulmões
e uma bandeira; esses órgãos são vitais. Pode ser que haja seres humanos sem
fígado, sem baço ou com apenas um pulmão; não há seres humanos sem
bandeira.(...)Quando o ser humano sente que já não pode mais pegar o bonde
andando, torna-se piedoso e sábio; renuncia então às uvas amargas do mundo. A
isto chama-se exame de consciência. As diferentes faixas etárias do ser humano
consideram umas às outras como raças diferentes:os velhos normalmente se
esquecem de que foram jovens, ou se esquecem de que são velhos, e os jovens
nunca compreendem que podem envelhecer.O ser humano não gosta de morrer, pois
não sabe o que vem depois. Se acha que sabe, também não gosta; ainda quer
participar mais um pouco do que já passou. “Um pouco” aqui quer dizer:
eternamente.No mais, o ser humano é um ser vivo que martela, toca música ruim e
deixa o cão latir. Às vezes faz silêncio, mas é quando está morto.Além do ser
humano, há ainda os saxões e os americanos, mas sobre esses ainda não
aprendemos. Zoologia só teremos no ano que vem."
Bom, achei o texto um tanto quanto preconceituoso no final, mas muito interessante o ponto de vista dele, e irônico.
vi no perfil de um estranho no orkut hoje...